quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

I'm not Tata Birla



O jeito de negociar na Índia é muito peculiar. Tudo tem que ser barganhado. Tudo mesmo, de um jeito até irritante.

Quando vou pegar um tuc-tuc tenho que calcular a distância e colocar um valor na cabeça, por exemplo, vou pagar Rs 30. Daí o esquema é ir próximo ao aglomerado de tuc-tuc como se não quisesse nada, logo eles começam a oferecer o serviço, você pergunta quanto custa ir a tal lugar e o motorista diz Rs 60, você faz cara feia, acena que não e outros três vêm sobre você e começa o leilão: Rs 50, Rs 45, Rs 40 – você continua andando - e se ninguém diz os Rs 30, sempre tem alguém que pergunta quanto quer pagar, daí você diz os Rs 30, ele aceita e é só embarcar. Com as carrocinhas de bicicleta é exatamente do mesmo jeito, sendo que às vezes bicicleta e tuc-tuc disputam o mesmo cliente.

Com outras mercadorias como roupas, bolsas e souvenirs em geral, a barganha é bem parecida com a técnica dos tuc-tucs. Só que você negocia com apenas um comerciante, mas quase sempre a mercadoria sai pela metade do primeiro preço sugerido. Mas para dar certo é preciso realmente se interessar por uma mercadoria específica, não adianta querer colocar três mercadorias parecidas na negociação, não, tem que ser apenas uma para ter um preço bom.

Na maioria das lojas de tecidos você deixa os sapatos na porta e entra, daí tem um banquinho de frente para as prateleiras e, entre o banquinho e as prateleiras, um acolchoado branco por onde o vendedor vai circular e abrir os tecidos para mostrá-los. A barganha existe e, no passado, em certas lojas, chegava a ser ofensivo não negociar, pois o comerciante levaria a não barganha como seu produto desvalorizado. Acho que isso está bem lá no passado pois ainda não vi só um vendedor que não fique feliz se o freguês aceitar o preço mais alto proposto.





Aliás, adquiri outra técnica para comprar: passo em frente da loja, dou uma olhadinha de leve no que me interessa e depois peço para algum indiano que me acompanha para ir comprar o que quero. O preço é bem diferente, eu garanto.

Quando o turista é identificado como um prospect a liberar rupias, os guias despencam em você no mesmo estilo de leilão oferecendo os passeios. Eu já estava até acostumada com isso, mas em Goa, acreditem, eu fui abordada em pleno movimento sobre a moto, o guia chegou em outra moto oferecendo o passeio!!!!



Todo indiano olha para o turista como uma fonte de dinheiro, por isso, eles são insistentes e quando você quiser terminar o papo dos altos preços de um jeito mais bem-humorado é simples: no auge da negociação diga com ar indignado "Do you think that I'm Tata Birla!?". Seria o equivalente a você dizer a um vendedor brasileiro "Você pensa que eu sou o Abílio Diniz ou o Antonio Ermírio de Moraes!?" ou qualquer empresário reconhecidamente muito rico, já que a família Tata Birla é popularíssima na Índia pelo grupo empresarial. No mínimo você irá arrancar uma cara espantada do vendedor.

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