sábado, 30 de maio de 2015

Lago Titicaca, Uros e Amantani

Uros, a primeira ilha em que aportamos

A primeira vez que ouvi falar do Lago Titicaca eu trabalhava na Revista Kalunga. Era matéria do Pablo Villarrubia Mauso, freela, que rodava o mundo fazendo esse tipo artigo. Quando as fotos chegaram fui a primeira a ver (na época em que e-mail não fazia parte da nossa vida, era pelos Correios mesmo que chegavam as fotos - cromos - e eu, como secretária de redação, era quem recepcionava) e eram lindas, fascinantes e, para mim, algo tão distante da minha realidade.

Rs, é engraçado a minha percepção hoje, do que na época imaginava ser "algo distante da minha realidade". Pois sou da opinião de que tudo, absolutamente tudo nesta vida é possível, desde que realmente desejemos. No caso, não foi algo que desde aquela época sonhava em conhecer, mas, aconteceu de uma forma bem real. Anos depois de eu ver em primeira mão aquelas fotos incríveis... lá estava eu visitando o Lago Titicaca, pronta para uma experiência única: passar um final de semana com os peruanos, dormindo na casa deles, comendo da comida deles.

O ônibus de Cusco para Puno sai às 22h e tem duas companhias que fazem esse itinerário, a viagem dura aproximadamente 7 horas (sem parada) e preço da passagem S/ 80. As poltronas são semi-leito e bem confortáveis.

No porto, em Puno, pronta para a jornada
No meu caso, contratei uma agência de viagens em Cusco e, ao chegar na rodoviária, havia alguém nos esperando que nos levou até um hotel, e volta das 8h foram nos buscar para o porto, onde se iniciaria o passeio. Para quem vai por conta, na rodoviária tem várias pessoas abordando os turistas, o passeio de dois dias, uma noite em casa de nativos, jantar e café da manhã inclusos, sai ao preço de S/ 75.




Uros, ilhas flutuantes

Aqui, o presidente da ilha explicando o funcionamento
Chegamos ao porto e já fomos para o barco que nos aguardava com outros turistas. Depois de nos acomodarmos, o barco simplesmente não funcionou e trocamos de embarcação, quando finalmente começou nossa jornada, em que a primeira parada seria em uma ilha flutuante, denominada Uros.

O passeio pelo Lago Titicaca até chegar à ilha flutuante que nos aguardava durou umas duas horas e foi bem interessante saber que estava no lago navegável mais alto do mundo. É uma sensação do tipo: "Uau, estou fazendo algo diferente mesmo, é único no mundo!".

O guia explicou que na região existem mais de 80 ilhas daquelas, em que vivem de cinco a oito famílias que erguem, mantêm a ilha e ali vivem caçando, pescando, fazendo artesanato para vender aos turistas. Na verdade, essas ilhas vêm de uma cultura secular, tanto peruanos e bolivianos que vivem no lago as tem como forma de vida. Algumas ilhotas são específicas: só para escolas outras para lazer, por exemplo, com campo de futebol ou vôlei, que segundo a informação do presidente, é onde passam as folgas e socializam, conhecem seus pares etc.

Passeio na canoa feita de totora, S/ 10 

O artesanato é bem feito e ajuda a economia da pequena organização

Totora, com um molhinho até vai
Sim, cada ilha tem um presidente, e é ele quem determina se o local será aberto à visitação ou não. É importante dizer que a vida útil dessas ilhas é de 30 anos, e há um rodízio na presidência. Quando recebem turistas, ele é o encarregado de mostrar como são construídas com essa vegetação que nasce no lago, conhecida como totora. Com a totora faz-se de tudo, o piso, os barracos, artesanato, canoa e até mesmo serve como alimento. Eu provei e achei que tinha gosto de nada, tal qual como chuchu. Mas, se for para sobrevivência, numa necessidade, eu comeria.


Amatani, a experiência peruana


Pôr do sol no Santuário Pachatata

Aportamos em Amantani (ilha de verdade) por volta de 15h, e lá estavam o que seriam nossos anfitriões nos aguardando, devidamente vestidos para a ocasião (nos trajes típicos peruanos). Nós visitantes fomos distribuídos em até quatro pessoas por casa. Eu, Rohit e mais um casal belga fomos recepcionados por Faustina.

Ainda no barco, o guia passou as orientações básicas sobre o roteiro em Amantani: "Os horários para conhecermos a casa, o passeio, o jantar e o baile são rigorosos porque não há iluminação noturna, quem tiver lanterna irá usá-la no caminho. Na manhã seguinte também acordaremos bem cedo. Não há lugar para tomar banho e como o banheiro fica fora da casa, sempre haverá um penico embaixo da cama, no caso de uma necessidade noturna". Empolgada com a experiência, acho que não me atentei a alguns detalhes, e naquele momento pensei... ok, minha saúde higiênica será salva por lencinhos umedecidos e Trident. Por um final de semana, não será nada demais.

Subindo para Pachatata

Ao sermos apresentados aos nossos anfitriões já seguíamos para as casas para cumprimos o roteiro e, mais uma vez, andamos - rs - bem, trata-se de uma ilha montanhosa e acho que depois de tanto passeio de barco tinha me esquecido disso. É que os peruanos, já tão acostumados com a altitude e morros, andam rápido e todas as vezes que Faustina saia do caminho, à direita ou à esquerda, pensava: "Ufa, a casa está ali". Não, foram pelo menos uns quatro "ufas" até chegarmos.

A casa como era muito simples, como o esperado. Com dois pisos, embaixo onde vive a anfitriã e seu irmão (que não vimos) e deve ser composto por dois quartos, a escada de madeira e no estilo improvisada fica do lado de fora e vai para os dois quartos para hóspedes, a cozinha fica à parte da mesma forma que o banheiro que, na verdade, era só um cubículo com o vaso sanitário, nada de chuveiro, pia ou coisa do tipo.

Chegamos, guardamos nossas coisas, almoçamos uma deliciosa sopa, um prato de legumes (batatas! hummm) com chá natural e somos para o nosso local de encontro para fazermos mais uma trilha cujo auge seria admirar o pôr do sol no topo da ilha. Estava ansiosa.

O objetivo era chegar até o Santuário Pachatata, com a possibilidade de andar mais um pouquinho e antes passar por Pachamama. Mas gente, mesmo para quem está acostumado é puxado, e nos contentamos em andar no ritmo em que nos permitia contemplar toda a paisagem e vermos os suvenires que são vendidos ao longo do caminho- mais uma desculpa para retomar o fôlego - assim, chegamos em Pachatata a tempo de apreciar o pôr do sol. E compensou muito!

A volta, só descida, foi bem mais suave pois o caminho é bem feito com pedras, como se fosse uma calçada, o problema é que já estava escuro. Chegamos na casa, tomamos mais uma sopa com chá e Faustina nos explicou que tal qual em Uros, há um rodízio de recepção dos turistas, que os próximos que ela receberia em sua casa, só dali dois meses, nesse meio tempo, ela vivia de comercialização do artesanato que fazia - aquelas mercadorias que tanto vimos ao longo do trajeto para Pachatata.

Sem descanso, nos vestimos com os trajes e fomos ao baile!

Faustina e seus hóspedes que pagaram o mico do ano - rs
Adorei, dancei o que meu fôlego permitiu. O ritmo é intenso e acompanhar exige muito, mas acho que até me sai bem, porque os outros turistas chegaram a me aplaudir - rs. Senti até calor. Já mortos, voltamos à casa para dormir.

Quando me interessei pelo passeio, confesso que imaginei que a casa seria até mais rústica, mas no nosso quarto havia três camas no tamanho "viúva", um armário, uma pequena mesa e até uma lâmpada! De imediato achei que estava tudo muito bom, pois, como viajante já dormi em tantos lugares não apropriados, mas o fato é que não dormi bem por uma única razão, acho que a casa era inclinada, não havia jeito, eu deitava e dois minutos depois estava escorregando na cama. Daí, no meio da noite deu aquela vontade de ir ao banheiro e comecei a procurar embaixo da cama o tal penico... não tinha. Sair no meio da madrugada, naquela escuridão para ir ao banheiro foi difícil.


Taquile, outra ilha para visitar e almoçar

De Taquile, a vista do Lago Titicaca

Antes da 7h da manhã já tínhamos tomado café (tinha Nescafé! Achei o furo do passeio, até então tudo tão natureba e Nescafé? Como assim?) e estávamos caminhando rumo ao porto, pois agora visitaríamos a ilha de Taquile, onde almoçaríamos e voltaríamos a Puno.

Mais trilhas, andanças, mas tem uma ótima infraestrutura para quem não está lá muito acostumado a caminhas e paisagens belíssimas.

Apesar de tudo simples e rústico, achei as habitações bem distribuídas
Achei isto na praça central, meramente decorativo,
desde quando Nova Delhi e Rio de Janeiro estão na mesma direção?

Primeiro passamos pela praça central onde tem um mercado de artesanato e restaurante. Em seguida formos para o restaurante, onde alguns jovens peruanos já nos esperava para fazer apresentação de dança típica da agricultura e sobre como utilizavam a flora para a higiene. Também falou dos gorros dos rapazes: só vermelho, casado; duas cores, solteiro. No caso das moças era o tamanho do pompom da roupa, pompom grande, solteira; pompom menor, casada.

Apresentação folclórica...

... antes do nosso esperado almoço. A turma estava faminta!

Havia vários grupos de turistas. No meu grupo era bem divertido, eu era a única brasileira (o que não foi raro nos outros tours, sim, eu ouvia português quando andava pelas ruas em Cusco, mas nos tours que fiz, nunca encontrei outro brasileiro), tinha uma italianada alegre, suíços, canadenses (a maioria), estadunidense, neozelandeses e chilenos.

O almoço não estava incluso no pacote e foi S/ 20 por pessoa, mas valeu à pena. Depois, voltamos ao porto para a viagem de despedida ao Lago Titicaca.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Entre Machupicchu e Lago Titicaca, uma trégua

Águas Calientes é praticamente uma vila para hospedagem


Ao chegar em Águas Calientes, de fato, estávamos cansados e com fome depois de tanto subir e descer de pedras. Mas tínhamos um bom tempo de espera, já que nosso trem sairia apenas às 19h.
Se observar bem, a entrada
do hotel onde nos hospedamos

Como na véspera, quando chegamos, estava chovendo e à noite, não tínhamos muita noção do que é Águas Calientes. Então, apesar da fome, fomos procurar um restaurante com calma, para poder apreciar um pouco mais do que para mim parecia uma vila.

Muitos restaurantes e lojinhas que vendem os souvenires beirando a linha do trem. Alguns vira-latas enormes (já falei como esses cães são enormes por aqui?) e turistas, muitos turistas.

Seguindo meu pré-roteiro, voltando de Águas Calientes, reservamos um hotel só para passar a noite e, no dia seguinte, zanzaríamos sem compromisso por Cusco para à noite seguir para Puno, rumo ao Lago Titicaca.

O dia em Cusco foi sem muitas novidades. Como a reserva no Peruvian (um hotel mais barato, mas com cama e chuveiro quente, que era o necessário) era apenas por uma noite, logo cedo tivemos que fazer o check out e deixamos nossas mochilas no guarda-volumes do hotel e fomos andar pela cidade.

Saqsayhuamán por outro ângulo

Muito mais interessante passear com tempo

Do topo de Saqsayhuamán vê-se toda a cidade
Optamos por fazer o sítio arqueológico de Saqsayhuamán. De novo? É, de novo e sem perceber. É, já de para notar que os nomes são bem estranhos à nós, e quando tínhamos o dia livre em Cusco, decidimos fazer um dos passeios do boleto que ainda não estava picotado e desse para irmos à pé. E fomos. Entramos pelo parque, andamos, subimos as ruínas, quando descemos da primeira parte foi que reconhecemos o local. Havia sido o primeiro do tour! Sim, só que desta vez entramos por uma outra entrada e tivemos tempo para apreciar o local!

Seria pecado dizer que vale mais a trilha do que o Cristo?

Depois demos a volta e subimos o morro para conhecer o "Cristo Blanco". É, eles têm uma estátua de Cristo que fazem como ponto turístico. Em Cusco eles aproveitam de tudo para entreter turistas.

Jantamos e voltamos para o hotel para pegarmos nossas mochilas e seguir rumo à rodoviária e irmos para Puno.

Quando ainda estava no Hotel Taypikala, tentei fazer reserva no mesmo hotel para a volta do Lago Titicaca, mas foi impossível, não havia vagas e, conversando com um turista argentino que encontrei no primeiro tour, soube que ele passou pelo mesmo dilema e teve que se contentar com outro hotel. No nosso caso, estávamos priorizando uma viagem meio termo, com um mínimo de conforto, sem correrias e econômico, assim, escolhemos o Hotel Monarca, simples, com um café da manhã razoável, porém bem aconchegante e familiar. Adorei a recepção.

Simples, acolhedor e com pessoas extremamente gentis


quinta-feira, 28 de maio de 2015

Machupicchu - superou minhas expectativas

"- E as fotos?

- Quais?

- Você falou sobre um monte de coisas, das suas pesquisas para a viagem, e as fotos dos lugares?

- Ah, vi algumas... poucas... não quero ver muito não...

- Por quê?

- Ué, para não criar expectativas. Sabe como é, às vezes você planeja uma viagem e vê tantas fotos bonitas que acaba se empolgando demais. Mas as fotos podem ser muito bem tiradas, as máquinas fotográficas têm tantos recursos hoje em dia... enfim, eu não quero criar muitas expectativas."

Senhoras e senhores... Machupicchu!


Este foi mais ou menos o diálogo que tive com meu irmão dias antes da viagem. E sim, Machupicchu superou todas as expectativas que eu poderia ter. É lindo, é maravilhoso, tem uma energia única (e olha que não sou mística) e sobe e desce pedra o dia todo - rs - do jeito que gosto.

Logo na entrada você deve apresentar o bilhete previamente comprado e o passaporte, em seguida, já pegue a próxima filinha, para ter o carimbo personalizado de Machupicchu!!! Achei tudo!!!

Bem, com as fotos agora, acho que o texto é dispensável.


Aqui logo no início da jornada

Testando recursos fotográficos

A foto clássica "estive em Machupicchu"

"Hola, còmo se llamas? Me llamo lhama!"

Tudo é lindo e impressionante

Ô lugarzinho pra ventar


Momento pausa, porque tem que ter perna pra subir e descer

Aproveitando o chapéu de alguém...

... que ama chapéus!

É ou não é deslumbrante?

Detalhe de como foram encaixadas as pedras

Mais um pouquinho de força e ajuda do bastão para subir

Aonde está Wally (Sandra)?

Já em Águas Calientes, morta de cansaço e feliz





quarta-feira, 27 de maio de 2015

Viagem para Ollantaytambo e Águas Calientes

Estrada que leva de Cusco à Ollantaytambo

Existem algumas forma de chegar à Machupicchu: de trem, de ônibus, à pé... a mais comum é a primeira e a escolhida por mim. No caso, de trem é ir até Águas Calientes, uma pequena cidade às margens do Rio Urubamba cuja impressão que tive é que só existe para dormitório para quem for visitar Machupicchu.

Após o café da manhã, fizemos o check out no hotel e deixamos o "grosso" da bagagem por lá, já que o roteiro para os próximos dias era: ir para Ollantaytambo de van, pegar o trem até Àguas Calientes, dormir, no dia seguinte ir para Machupicchu; à noite retornar para Cusco, pousar, durante o dia zanzear pela cidade e, à noite, seguir rumo à Puno, para conhecer o Lago Titicaca. Ou seja, só veríamos as bagagens quatro ou cinco dias depois e, achei incrível que o hotel simplesmente guarda as malas, dá um tíquete de fala "fiquem à vontade para o tempo que precisarem" e não cobram nada por isso.

Quando resolvi conhecer Machupicchu, para mim, o importante era definir uma verba do que iria gastar na viagem toda, comprar os bilhetes aéreos pelo melhor preço, definir o dia de visita e comprar as entradas e, em seguida, as passagens de trem. Isso eu fiz logo pois, para quem não sabe, tem uma quantidade específica de visitantes diária no parque e, se você não compra com antecedência, conforme vai chegando a data desejada, as agências de turismo conseguem bloquear a compra direta, fazendo com que a pessoas acabem comprando o pacote delas.

Já em Urubamba
Durante as minhas pesquisas, li em muitos blogues e sites que era uma tortura comprar os tais bilhetes (tanto para o parque como o de trem), que dependendo precisa de determinado tipo de cartão... mas não achei tudo isso não. Ok, não foi de primeira que consegui fazer as reservas, mas também não foi nada do outro mundo.

Mas voltemos ao dia. É fácil pegar a van que vai de Cusco para Ollantaytambo, como esse trajeto é muito mais usado pelos peruanos do que pelos turistas, há vans que vão e vem diariamente. Para quem está na Plaza de Armas, basta ir até a Av. El Sol, entrar na Puente Rosário que se transforma em rua Cuychipunco e vira Av. Grau. Pronto, é ali que as vans ficam e por S/ 10 soles, e em menos de duas horas você chegará em Ollantaytambo.

Quando a van inicia seu trajeto para pegar a estrada é que vemos a verdadeira Cusco, com muito comércio popular, casas e barracos, pobre mesmo.
Momento tensão: motorista dirige e manda mensagem

A estrada é de mão dupla, estreita e com muitas curvas, mas o asfalto é bom, sem buracos, boa para dirigir. Talvez por isso mesmo deixava o motorista tão à vontade para ficar digitando mensagens no celular, e conforme ele se concentrava na informação eu só via a van comendo um pedacinho da outra pista, buzinada de quem vinha na direção oposta. E eu que estava sentada logo atrás dele, confesso que mais uma vez (tal qual quando pegava o trânsito na Índia) agradecia à Deus por ter feito o meu seguro viagem.

Mas o trajeto é interessante, passando por casinhas à beira da estrada em construção o que dava para observar os tijolos ou blocos que as compunham. Algumas ovelhas, vacas, cachorros, aliás, como Cusco tinha cachorros, e todos muito grandes e bonitos! Chegando em Urubamba (já bem próximo à Ollantaytambo) começava a ver os tuc-tucs, que em Cusco não vi.

Viagem de trem para Machupicchu (por Ollantaytambo)


Centrinho de Ollantaytambo
Nosso trem era no final na tarde e embora em Ollantaytambo tenha um sítio arqueológico do boleto, resolvemos deixar a visita para o dia em que comprássemos um tour com outros pontos turísticos. Assim, ficamos ali no centrinho, almoçamos, visitamos a feirinha do lado de fora do parque até chegar nosso horário.
Chegando tão cedo até tentei trocar o horários, mas tudo esgotado!

Os vagões são separados para passageiros turistas e peruanos. Os comissários são bem simpáticos e e servem algum tipo de bebida e um docinho típico da região. Foi aí que provei o refrigerante da região Inka Cola. Eu não curto muito refrigerante e, acho que por isso mesmo, não tinha reparado nisso, claro, quando circulava pelos mercados em Cusco eu até via as garrafas, mas simplesmente não me chamavam a atenção. Gente... não é que gostei! Sabor de maçã ou tutti-fruti... sei lá, gostei e a partir daquele momento, se tivesse oportunidade, lá estava eu tomando Inka Cola.

Foto no meio da garoa
Já era quase nove horas da noite quando chegamos em Águas Calientes e chovia. Colocamos capa de chuva e perguntamos para uma moça que trabalhava na estação como fazíamos para chegar ao hotel Jairito, que dava uns cinco minutos à pé.

O hotel - como chegaríamos tarde, dormiríamos e acordaríamos bem cedo para ir ao parque, o importante era um quarto com banheiro privado e chuveiro quente (para quem faz viagens econômicas é bom prestar bastante atenção neste último item quando for reservar hospedagem, pois nem todos os hostels e hotéis tem água quente).

Sinceramente achei caro para o que oferecia: S/110 a diária, e mais S/ 10 por pessoa para o café da manhã, o que não passa de um copo pequeno de suco, café ou leite, aquele pão que lembra pão sírio sem o mesmo charme, manteiga e ovos mexidos. Mas, era o que tinha, já que os hotéis cobram muito caro. Ah, e à noite tem muitos mosquitos. Chegamos a comprar repelente, mas só usamos na noite em que chegamos.

Eu acordei de madrugada algumas vezes e só ouvia o barulho da chuva, abria a cortinha e não conseguia ver absolutamente nada, um breu só. Voltava pra cama e tinha aquele pensamento otimista: "ok, que chova bastante mesmo para de manhã abrir o tempo, aparecer aquele céu azulzinho para fotos maravilhosas".

Muitas pessoas dizem que ao chegar em Águas Calientes já devemos compara o tíquete para pegar o ônibus que segue para o parque, para evitar as filas do dia seguinte e que, a partir das 5 da manhã já poderíamos pegar ônibus.

O que eu imaginava ser chuva durante a noite, era o barulho
 das águas do rio Urubamba que passa na parte do trás do hotel - TKSG

Não, eu não sai do hotel às 5 da madrugada. Não mesmo! Meu trem de volta era bem no final do dia, não fazia sentido. Compramos nossos bilhetes era exatamente 08h49, embarcamos sem estresse e... finalmente Machupicchu! É possível não pegar o ônibus e subir à pé, mas, calculo uma caminhada de umas duas horas.


Quanto custa ir para Machupicchu (preços em maio de 2015)?

Entrada no parque da Machupicchu US$ 42.
Bilhetes de trem, ida e volta, por Ollantaytambo US$ 120.
Bilhete do ônibus que sobe para Machupicchu de Águas Calientes, ida e volta US$ 24.
Van Cusco-Ollantaytambo S/ 10.
Van Ollantaytambo-Cusco S/ 8.
S/ = soles


É meus amigos, visitar Machupicchu é o sonho de muita gente, mas não pode ser dito que é um passeio barato. E se sua viagem for por conta, compre a entrada para o parque apenas do site oficial www.machupicchu.gob.pe, 

terça-feira, 26 de maio de 2015

Templo do Sol, Saqsayhuamán, Pukapukara, Q'enqo e Tambomachay

Estreia outdoor dos boletos turísticos! Ah... e com meu modelito lâ de alpaca


Após uma noite maravilhosa de sono, tomei banho e fui para o café da manhã com um bufê farto e muito bom. Depois comecei minha sessão "entupimento de chá de coca" (acreditei piamente que se tomasse o tal chá de manhã e no final do dia, nem sentiria os efeitos da altitude, para mim deu certo), pois o chá é oferecido aos hóspedes no hall do hotel, assim como os tubos de oxigênio para aqueles que necessitarem. Eu não precisei, mas conheço alguém que utilizou todos os dias - rs.

Em seguida, andar por Cusco em busca de informações de passeios. Deve-se entender que ao chegar em Cusco uma das primeiras coisas a fazer é comprar o Boleto Turísticos. Como o que existe em diversas cidades turísticas pelo mundo afora, o Boleto Turístico dá direito a visitar mais de dez lugares entre museus e sítios arqueológicos, pelo período de dez dias. Então, chegou em Cusco, corra comprar seu boleto, por 130 soles cada.

No meu caso comprei no próprio departamento de turismo, na Av. El Sol, onde já fica o Museo de Arte Popular, em que mostra algumas peças que retratam a cultura e cotidiano local. Mas é muito fácil encontrar. Para visitar a maioria das atrações do boleto, os turistas costumam contratar os tour oferecidos pela infinidade de agências espalhadas pela cidade. Claro, há a opção de fazer por conta, alugando uma moto ou táxi para isso, e depende da sua disposição ou verba.

Compramos o tour para a Catedral Koricancha (Templo do Sol), Saqsayhuamán, Pukapukara e Q'enqo para  o dia seguinte. Todas as agências fazem esse tour no período da tarde, com opção de guias que prestam a informação também em inglês (nem todos falam o idioma, mas dão as orientações sobre os locais visitados). Este passeio é possível comprar a partir de 8 soles por pessoa.

Por hora, ficamos andando pela cidade, olhando lojas, escolhendo cardápios e, principalmente nos ambientando. Desde que planejei a cidade, coloquei na cabeça que deveria ir bem devagar para que meu corpo se acostumasse e eu pudesse aproveitar ao máximo do passeio principal: Machupiccu, programado para quatro dias após a minha chegada em Cusco.



Convento de Santo Domingo, o Templo del Sol


Como passei muitas vezes por este local, achei interessante a vista noturna...


Apesar de você já pagar pelo tour, ter comprado o boleto, aqui a entrada custa mais dez soles. O primeiro hotel onde nos hospedamos ficava atrás dessa igreja e, todas as vezes que íamos até o centro, passávamos por ela. A visitação dura por volta de uma hora, entre a igreja e o pátio. É preciso dizer que quando os espanhóis tomaram a cidade, em 1532, uma das primeiras coisas que fizeram foi construir igrejas católicas em tudo quanto era templo inka, afinal, qual seria a maneira mais fácil de colonizar e catequizar? Por conta disso, é possível ver até quatro igrejas em uma mesma praça.
Ao fundo o pátio do convento, aqui, no embaixo, a entrada para o Museo del Qoricancha




Saqsayhuamán

Ó o tamanho da rocha... deve ter dado um trabalho chegar aí

Ruínas, ruínas, ruínas...


Ruínas, muitas ruínas que, segundo as informações do guia era uma espécie de fortaleza militar inka, cuja construção durara aproximadamente 50 anos e as pedras que compõem a fundação desse local são de tamanhos impressionantes. O guia deu uma explicada em como as tais pedras gigantescas eram transportadas de um local ao outro (utilizando areia), o tipo de engenharia utilizada na época e a posição das pedras etc. Também falou que após a tomada espanhola boa parte das pedras que ali faltavam foram para construir as fundações das igrejas, casas do governo ou dos governantes, e poderiam ser vistas até hoje por Cusco.

Dias depois, descobri que esse local é muito fácil de chegar à pé (desde que tenha fôlego para subir ladeiras), e que dando uma voltinha, e subindo mais um morrinho, pronto, chega-se ao Cristo Branco.

A escrita está diferente do portal da foto, mas escrevi igual ao que consta no boleto.


Tambomachay


Eu realmente gostei desse templo à água

Este sítio arqueológico achei bem interessante. Foi construído como forma de culto à água. Os três níveis que compõem a atração principal do sítio é possível ver o cuidado que tiveram com os "portais" por onde passam as águas: dois, três e quatro. E, segundo a explicação do guia, dois representa a dualidade, como homem e mulher, três, a espiritualidade e quatro os elementos da natureza (água, terra, fogo e ar).


Q'enqo


Mesa de mumificação

É local onde eram feitos os sacrifícios, para os deuses inkas e também mumificações, e o local me pareceu até bem preservado. O guia nos explicou sobre as pedras que serviam de mesas e do pequeno fosso onde ficavam os ossos ou outros dejetos. Em poucas palavras, está mais para uma passagem entre as pedras do que uma caverna ou gruta. Mas do lado de fora a vista é linda!

Como disse, a vista é bonita


Pukapukara

Aqui o guia explicou que era um ponto de parada, hospedagem aos viajantes que poderiam ser militares, religiosos ou outro tipo de comitivas. Minha mente viajante logo fez uma alusão às paradas dos nossos brasileiros tropeiros...seriam eles bonzinhos ou mauzinhos???


Tudo o que deu pra ver no final do dia


Por fim, um local para comprinhas, sendo a única realizada por mim foi um par de brincos que amei. Dez soles, se tivesse pechinchado acho que teria conseguido por menos, mas já estava no início da noite, estava cansada e eu realmente adorei os brincos.

Se valeu à pena sobre ter contratado o tour? Pelas explicações sim, mas fico um pouco irritada com esse negócio corrido, e mais irritada ainda em saber que o último local eu não vi nada, apenas ouvi, pois já estava escuro, Acho que as agências poderiam muito bem tirar um desses passeios para fazer a coisa direito, mas elas funcionam como uma máfia, um cartel, então, quem contratou o serviço tem que se conformar ou a outra opção é fazer por conta e ter o tempo que quiser para apreciar os lugares. Todos eles ficam próximos à Cusco e acho que o transporte não sairia tão caro.

Esse dia era um domingo. Não consegui tirar fotos porque observei isso durante o trajeto do ônibus entre um ponto turístico e outro, mas notei que em certos pontos da estrada havia muitos veículos estacionados e nos pequenos campinhos, ousaria até chamar de pequenas planícies, estavam os cusquenhos se divertido, jogando futebol ou vôlei ou até mesmo fazendo um churrasquinho. Achei bem interessante esse estilo de diversão dominical.