quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Mina da passagem

Na galeria que fica, a temperatura é muito agradável

A primeira vez que li sobre a Mina da Passagem não prestei muita atenção. Vi apenas que as pessoas achavam caro, mas que valeria o passeio. Só de ler a palavra "caro", colocava em dúvida minha real vontade de fazê-lo... mas dizem ser a maior mina aberta para visitação do mundo! Então, vou lá, né.

O passeio ficou para a volta de Mariana. Após almoçar, peguei o ônibus para Ouro Preto e logo que entrei no coletivo, pedi para a cobradora avisar-me quando chegasse o ponto. Não sei se pela empolgação por receber de mim várias moedinhas de R$ 0,05 (coisa rara e a passagem era R$ 3,95), ela simplesmente esqueceu e acabou que ganhei um rolezinho a mais de busão.

Aqui a entrada para a Mina da Passagem

Pelo preço da entrada, deveria ser melhor conservado
Mas é fácil chegar até a mina. Ao descer do ônibus não devo ter caminhado mais do que 100 metros até a sede da fazenda onde compra-se a caríssima entrada de R$ 60,00, tem-se algumas orientações e é só seguir para o local. Achei caro porque é um passeio curto, mas é bem diferente, eu nunca tinha entrado em um mina antes, na verdade nunca nem pensei nesta possibilidade, então, fiquei bem empolgada ao chegar.

Trolley: apertadinho!
Primeiro vi e fotografei alguns instrumentos da época, coisas mal conservadas na verdade, até chegar ao trolley (carrinho dos Sete Anões). Achei bem primitivo e ao sentar fiquei imaginando se naquela época, os trabalhadores eram homens pequenos, afinal, eu tenho 1,74 m e tive dificuldades em acomodar-me. Bem, eu era a única turista naquele momento e o guia chegou e apresentou-se. Logo começou a descida de 320 metros de extensão para chegar às galerias que ficam a 120 metros da superfície. Confesso que o curto trajeto foi menos incômodo do que imaginei ao sentar no carrinho e realmente é muito, muito interessante. Não teve como não lembrar da infância, quando ia na Montanha Encantada, no Playcenter.

Início da descida
Lá embaixo, a temperatura é muito agradável, ainda mais que no mundo lá fora estava calor e abafado. O guia começou a contar sobre a história da mina que foi fundada no século 18, da sua importância para o desenvolvimento da região, dos trabalhadores que ao todo, retiraram aproximadamente 35 toneladas de ouro, desde o tempo dos escravos até aos agraciados com a carteira assinada, em suas últimas décadas de atividade.

Diferente de estar em uma caverna ou gruta, na minha não há nenhum tipo de vida animal ou vegetal, nem uma formiguinha sequer, devido às substâncias minerais... e por aí, dá para imaginar o quanto insalubre era o tipo de trabalho ali explorado.

Ali também há um lago, onde mergulhadores profissionais e amadores podem praticar a atividade, claro, que obviamente depois de assinar um termo de ciência de periculosidade. E sei que se me enquadrasse em uma dessas categorias, não deixaria a oportunidade do mergulho passar.

Entre uma explicação e outra, o guia ia incutindo na conversa algumas expressões populares muito conhecidas por nós e que, ele garante ter nascido em minas como aquelas. Verdade, lenda ou não, achei-as bem curiosas. Vamos às expressões:

- Nos primórdios da exploração da mina, era normal os trabalhadores em seus raros momento de descanso ter que abrir o caminho empilhando pedras, nascia o "descansar carregando pedras".

- Uma das maiores ambições de um escravo de mina era conseguir um dia sua alforria. Como conheciam bem o trabalho, davam um jeito de conseguir um pouco de ouro escondendo nos cabelos e posteriormente nos pelos dos animais de carga (burros e éguas) entre lama, Já na fazenda, à noite, iam "lavar a égua", para pegar o seu precioso ouro.

- Após juntar o ouro suficiente para comprar a tão sonhada alforria, entregavam o ouro para o vigário, a pessoa que confiavam para fazer os trâmites legais e... caiam no conto do vigário, já que este mesmo, só embolsava o ouro.

Gostei demais do passeio, pois era algo que nunca tinha visto na vida. Recomendo.





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