terça-feira, 28 de maio de 2013

A raridade que uma boneca traz

Quem diria: depois de adulta, eu brincando com boneca¹


Esta é a Mãezinha. Não foi (ou é) minha boneca preferida, mas, certamente, a mais linda.

Outro dia minha mãe - a de verdade, carne e osso - disse:

- Olha só este saco... tá cheia de bonecas. Vou levar todas para a feira da barganha e vender. Chega de ocupar espaço.

Fiquei indignada:

- Como assim!? A Mãezinha de jeito nenhum... e a Emília, tá no bolo? Nunca!!! Jamais!!!

Imediatamente fui ver o que tinha no tal saco... e lá estavam todas elas.. amontoadas. As minhas e as da minha sobrinha. Tá, eu confesso que nunca fui uma apaixonada por bonecas. Eu nem brinquei tanto assim com elas, sempre preferia os jogos, usar a criatividade com caixas vazias e brincar de comércio, fazer pipa - embora nunca tenha empinado - ou de familinhas com os lápis de cor. A Emília foi com a que mais brinquei, que o diga o encardidinho do seu corpinho, mas a Mãezinha... tão linda... e aquela música de caixinha. Não, eu não seria capaz de deixar aquele "assassinato" ser consumado.

Por nunca brincar muito com as bonecas, até minha sobrinha ter uns oito anos, as bonecas eram guardadas em suas caixas, sempre limpas e conservadas. Quando as liberei para a Dani, bem, a coisa começou a mudar um pouco, mesmo assim, ela não chegou a destruí-las. Ainda bem.

Assim, resolvi dar "uma arrumada". Comecei pela Mãezinha. O cabelo da coitadinha estava um ninho. Entrei no santo Google para descobrir como arrumar os cabelos (amaciante de roupas, poderia ser uma lavagem com xampu primeiro, mas fiquei com medo de molhar a cabeça e escorrer até o mecanismo da música e movimento do corpinho) e uma limpeza geral. As roupas não têm muito jeito, mas o resultado, ah... considero muito bom.

Por curiosidade resolvi pesquisar se alguém se interessaria em comprar uma boneca dessa e, para minha surpresa, sim, há um mercado enorme para colecionadores de bonecas raras, categoria na qual esta e a Beijoca (que ainda não "arrumei") se enquadram.

Ok... por alguns instantes pensei nesta possibilidade e, pensando como um simples produto, creio que a minha Mãezinha, se estivesse à venda, valeria entre R$ 350,00 e R$ 400,00 fácil. Mas foi um pensamento bem passageiro, afinal, e o valor emocional, não apenas meu, mas de saber que meninas brincaram, fantasiaram, exercitaram a imaginação brincando com uma boneca? Esse valor ao qual me refiro sim é raro. Poderia ser uma boneca daquelas bem simples, sem cabelos de nylon, sem roupinhas elaboradas, o que realmente importa é o poder de estimular a criatividade de uma criança.

Claro, tive sorte dos meus pais terem tido condições de presentearem a mim com uma boneca muito boa e top da época, mas olhando para esta boneca - e as outras também - não consigo parar de pensar em como foi a emoção de minha mãe em ir comprar um presente para a sua menina. Quais seriam as expectativas ao ver o rosto da filha ao receber um brinquedo tão lindo?

É, esta boneca é muito mais do que um objeto de plástico bem moldado, ela carrega um valor emocional incalculável. Ao invés de ser uma boneca rara, diria que é ela é que me faz trazer um sentimento raro.


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