terça-feira, 26 de agosto de 2008

A lição que um tomatinho me deu




Oi. Esta é a primeira vez que escrevo no meu blog (A-DO-RO falar esta palavra BLOG, até encho a boca para falar... BLOG... daí parece que faz mais efeito) e, sinceramente, nem sei por onde começar.

Faz pouco tempo que me atentei ao fato que blog é uma coisa muito legal. Fazer um diário hi-tech é uma idéia divertida, mesmo para uma pessoa tímida e nada tecnológica como eu. Mas, enfim, aqui estou... até entrei em um cursinho de jornalismo on-line (já que é para fazer a coisa.... vamos fazer direito). E esta, na verdade, é a minha primeira lição de casa!!!

Hummm... vou falar sobre os pequenos prazeres da vida.

Conheço muitas pessoas, de diferentes níveis sócio-econômico-cultural, pobres, ricos, legais, esnobes, certinhos, desmiolados, inteligentes e meio lentos... acredite: de todos os tipos. Mesmo assim, noto que a maioria deles tem algo em comum: reclamam que pouco se divertem, por falta de tempo, por cansaço ou por não terem condições de fazer algo realmente relevante e que dê prazer. Pior, se sentem perdidos e nem sabem dizer o verdadeiro valor e sentido de suas vidas.

A minha sincera opinião é que as pessoas têm esse sentimento quase que de culpa e punição (não posso me dar ao prazer por causa disso ou daquilo) porque se esquecem de prestar atenção nas pequenas coisas, de olhar o lado simples da vida: a natureza como ela é.

Eu moro em uma casa que tem um quintal cimentado. Ele é cinza, rústico, feio, mas perfeito para cumprir a função dele: abrigar os carros da família e servir de corredor para o meu cachorro (Ônix), que acaba “lixando” as unhas por ali mesmo, de tanto correr e pular. Os portões são de ferro e combinam perfeitamente com o quintal de cimento. Todos os dias eu entrava e saia com o meu carro, abria e fechava aquele portão, na mais pura rotina mecânica. Até que, um belo dia, notei que em um cantinho entre o muro, o chão e o portão nascia uma plantinha. Na hora pensei que fosse um matinho qualquer e fui para arrancá-lo. Quando cheguei perto vi que era alguma outra espécie. Por algum motivo que não sei dizer qual, resolvi deixá-la ali, como estava. Mais cedo ou mais tarde o Ônix se encarregaria de acabar com ela mesma.

Passaram-se alguns dias e até semanas e a plantinha continuou intacta. Não só isso. Mesmo com a dificuldade por falta de espaço, terra e sabe-se lá mais o quê, ela continuou não só crescendo como bem no meio do seu galhinho apareceu uma bolinha. Instigada olhei, analisei e, por sorte, não toquei, até que identifiquei: era um tomatinho. Lindo! Tava do tamanho de uma pitanguinha, verdinho, tão lindo. Fiquei tão emocionada e não acreditei que aquilo pudesse ocorrer e tentei reconstituir os fatos.

Fiquei imaginando que talvez um passarinho, na mais tradicional das suas funções de transportar sementes, em plena megalópole que é São Paulo, deixou cair do seu bico uma semente de tomate, que, coincidentemente caiu em um buraquinho com menos de 1 cm² no meu quintal. E ali, aquela brava e sortuda semente tomou forças, cresceu, até que mais um milagre aconteceu: o estabanado do meu cachorro nem se deu conta da sua existência e, com isso, ela pode chegar a dar um pequeno fruto.

A partir daquele momento passou a ser uma questão de honra cuidar para que o tomatinho crescesse saudável. Uma verdadeira missão. Todos os dias, antes de abrir o portão para ir trabalhar, dava uma olhada no tomatinho, até arriscava um “bom dia”, mas claro, sem sucesso de resposta. No final do dia, antes mesmo de chegar em frente à minha casa, eu já me preocupava e ao despencar do carro, que alegria. Lá estava o singelo tomatinho.



Mais alguns dias se foram e bravo tomatinho que havia passado “infância”, “adolescência” e já entrando na fase “adulta” (aquela em que ele não iria mais crescer, apenas amadurecer) comecei a me apavorar com a dúvida: “O que vai ser desse tomate? De que adianta tanta persistência em nascer, crescer e chegar até ali se ninguém comê-lo?”. O problema veio porque eu não como tomate. Nunca gostei de tomate. Eu não gosto nem de macarronada por causa do molho de tomate! Comecei a minha campanha “quem vai comer o tomatinho”. Ofereci à minha família, vizinhos, amigos, colegas de trabalho e nada. As pessoas estranhavam eu dar tanta atenção ao nascimento de um tomate e ainda mais que eu o oferecesse.

Enquanto isso, de verde escuro ele foi clareando, amarelando, as primeiras nuances vermelhas apareceram até finalmente ficar totalmente vermelho. Quando vi que aquele poderia ser o último dia da sua vida, como um ser saudável... respirei fundo e colhi o tomatinho. Lavei, piquei e coloquei na panela com carne moída, temperei e comi... e não é que ficou uma delícia!

Isso aconteceu faz mais ou menos um mês. E eu ainda não aprendi a comer tomate, mas me orgulho de ter comido o meu tomatinho de estimação. Ele me mostrou que para nossa vida ter sentido é preciso acreditar. Enfrentar as adversidades como ele enfrentou, para ganhar a atenção de pessoas que irão fazer valer tanto esforço e assim, encontrar o verdadeiro sentido de estar nesse Planeta insano.

3 comentários:

Unknown disse...

Oi Sandrinha,
Parabéns pelo seu primeiro blog. Ficou muito legal e morri de rir com a história do seu tomatinho de estimação.
Eu ia te convidar para uma macarranada mas deixa para lá.
Abraços,
Flávio

Unknown disse...

Qdo comecei a ler a estórinha do tomate, me pareceu bobinha no começo, mas a narratória começou a ficar tão gostosa q não pude deixar d ler até o final.
Isso só prova q, em meio à uma metrópole onde existem tantos prédios/pessoas e tanto cimento/dificuldades, a perseverança em ser vc mesmo e buscar o seu espaço acaba sempre rendendo o seu próprio "fruto" q mesmo pequeno ao olhar dos outros é gde o suficiente pra vc.

Foi uma sessão da tarde.
Parabéns!!
Wagner Marinho

Fausto Maxan disse...

Sandra,
Pô, muito legal o direcionamento do seu blog. E a estória do tomatinho mostra a cegueira vivida pela humanidade, principalmente nos dias de hoje.
Ah,não ria, caso encontre alguma cebola brotando dentro de sua geladeira, plante-a em vaso. Faço isso sempre;as folhinhas ficam saborosas no arroz.
Valeu!!!