quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Por que eu gosto da Gisele e do Rogério?

Gisele Bündchen, upper model, reconhecida internacionalmente e podre de rica. Rogério Ceni, hoje, 21 anos de clube, 1000 jogos pelo amado e glorioso São Paulo, 38 anos. O que eles têm em comum e por que gosto tanto deles?

Porque eles me dão a certeza de que pessoas comuns podem ter sucesso, porque eles provaram que pessoas comuns, quando diante de boas oportunidades e sabendo aproveitá-las, terão sucesso e serão felizes no que se propuseram a fazer.

Quantas vezes já não ouvi comentários sobre a Gisele: "Ela nem é tão bonita assim" ou "É só você ir para o Sul do País e vai encontrar moças muito mais bonitas do que ela" ou "Como alguém com um narigão daqueles pode ser tida como top model?". Enquanto para o Rogério, principalmente vindo de torcedores de outros times, já ouvi "Frangueiro" - este é meio óbvio ouvir devido à profissão - ou "Arrogante, metido e medíocre", entre tantos outros adjetivos nada gentis, mais uma vez vindos de torcedores de clubes alheios.

A Gisele teve a oportunidade dela e agarrou, participou de muitos testes, passou horas a fio em espera e é claro, teve a sua sorte de cair nas graças de grandes agências, mas, se tivesse esmorecido em seus primeiros testes ou depois de já consagrada tivesse deixado de cuidar da saúde, de se exercitar, ou ser participante de orgias regadas aos coquetéis de drogas, não seria ainda a upper, após tantos anos. No caso do Rogério, quem nunca ouviu dizer sobre quem é o primeiro jogador a chegar nos treinamentos e o último a sair? Alguém aí já ouviu falar que ele foi pego em alguma surdina, calada da noite, brigas? Para alguns essa imagem de operário padrão é sinônimo de gente chata.

Quando se trata de futebol, a população quer ver gente espetacular, craques como Pelé e Messi, pessoas predestinadas, com talento indiscutível. Mas me digam, quantas pessoas nascem assim, com esse talento natural? E por nascerem com esse talento natural estão dispensados de treinos, horários, comprometimento com o trabalho? E tendo o futebol como esporte, eles não precisam de outros dez jogadores para compor o elenco? E por acaso esses dez outros devem, obrigatoriamente, ser espetaculares como eles ou são pessoas comuns?

De uma empresa com 3.000 funcionários, se dez fazem parte da diretoria e presidência devemos desmerecer 2.990 funcionários? Será que esses 2.990 funcionários são todos medíocres? Ou será que todos (ou pelo menos uma parte deles) os 2.990 deverão ser tidos como funcionários chatos por cumprirem seus horários, estudar para aperfeiçoar seu trabalho, engolir sapo de superiores que nem sempre estão corretos em suas decisões? E quando alguns desses funcionários têm seu esforço e dedicação reconhecidos com promoções e homenagens no trabalho, pelos anos dedicados à empresa ou à profissão devem ser admirados ou escrachados pelos demais?

Gosto da Gisele por sua dedicação ao trabalho. Gosto do Rogério por amar o que faz e pelo esforço, pode não ter sido o goleiro mais talentoso, mas foi inteligente o suficiente para se tornar um ídolo, dedicado, mais do que isso um exemplo de profissional para qualquer outro trabalhador de qualquer área e não ter vergonha de admitir isso.

Gosto dos dois porque provaram que pessoas comuns podem sim entrar para a história.

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