segunda-feira, 6 de outubro de 2014

E agora Brasil?



Ontem pela primeira vez na vida fiquei feliz em justificar meus votos. Estava em outra cidade e fui alegremente à escola mais próxima para fazê-lo, afinal, com as opções que tinha para votar, credo, era a melhor coisa a se fazer, com exceção do meu voto para deputado federal, que, tranquilamente, consegui angariar três votos para a minha candidata! Coisa que não conseguiria se estivesse em minha cidade.

Tudo estaria perfeito se hoje eu não acordasse com a sensação avestruz, sim, aquela sensação de quem colocou a cabeça no buraco e pronto, todos os problemas estão solucionados. Para completar a sensação, como faço todas as manhãs, tomei meu café vendo telejornais e dando uma espiada no que estava rolando pela internet. Eu via resultados e entrevistas dos já eleitos, comentaristas políticos opinando e os meros mortais dos Facebook, Instagram e Twitter quase se mantando em ofenças, sendo a mais comum "povo burro", e fiquei pensando: "É isso mesmo? Estamos perdidos? Não há mais solução para nós?" A impressão que ficou foi que todos os eleitores que conheço apenas votaram "no menos pior".

Não acho que as pessoas estão erradas em expressar o que sentem, das indignações sobre muitos dos eleitos, só não gostaria de ver tanta discórdia entre pessoas que julgo ter discernimento suficiente para que não sejam ignorantes. Eu também acho que a maioria das coisas neste País (que amo muito) está errada, corrupção explícita em todos os níveis, inclusive no nosso nível de plebe, quando sonegamos R$ 1 de imposto que seja, quando furamos fila, quando jogamos um papel no chão, quando fazemos gatonet, quando recebemos seguro-desemprego estando já empregado mas pedindo para que o patrão não registre tão logo, quando achamos que no trânsito nossa urgência está acima das leis e principalmente da segurança de todos. É meu amigo, todos somos ou fomos corruptos em alguma instância.

Fico muito decepcionada com tudo isso, mas, nada como um dito popular para essas horas: "A única coisa que não tem jeito é a morte". E é mesmo. Ao mesmo tempo me decepciono com o nível dos debates (não os que vimos no horário político) e com a cara de pau dos corruptos (não dos famosos), mas das pessoas que conheço e admiro como amigas ou colegas eu fico pensando que até poucos anos atrás isso seria impossível e, acredite, a sociedade era muito mais alienada do que é hoje.

Há alguns anos, quando eu fazia algum tipo de comentário político (e eu nem sou tão politizada assim), só ouvia coisas do tipo: "Que coisa mais chata politica, não entendo nada, não quero saber". Mas no fundo as pessoas sabem o que está errado porque reclamam, mas, mesmo para reclamar é preciso ter propriedade. Se votei e não tive educação, saúde, segurança e tudo mais decentemente em troca, só terei o direito te reclamar, se votei, porque o voto existe para isso, para eleger nossos representantes, mesmo que não tenha sido ele o meu escolhido, foi escolhido pela maioria.

Então me vem aquele raciocínio lógico: se isso não é a morte, sim tem solução! Por que ao invés de apenas maldizer os candidatos e reclamar da situação do País e apenas observar mandatos apáticos e corruptos não passamos a fiscalizar de verdade? Sim, eles são nossos funcionários, nos devem satisfações! Por que não passamos a ser mais participativos politicamente? Sim, porque apenas reclamar ao vizinho não muda nada. Por que não gravamos na nossa agenda do e-mail os e-mails dos nossos vereadores, deputados e senadores para entupir suas caixas com nossas sugestões e reclamações? Por que não procuramos ao longo de anos (dois ou quatro) acompanhar o desempenho deles, esperando apenas que algum portal transparência faça isso para nós?

Talvez eu seja otimista demais, mas eu ainda acredito que a população, daqui para frente, possa ter um pouco mais de educação política para melhorar nossa situação. Demorar, acho que vai demorar, mas tudo precisa de um começo.